Eu entro numa sala de bate-papo,e sempre, sem nenhuma exceção, a minha primeira resposta sempre vem de uma daquelas automáticas dizendo:
garotagostosapracacete03 fala reservadamente para FuturoPresidente01: Olá, quer conhecer a mulheres mais gostosas da internet em poses pra lá de sexys? Entre em http://www.ripanachulipacomgosto.com.br/. Entra aí vai.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Uma vez entrei num chat desses e já me revoltei, pois não tinha muita experiência e moça perguntou se eu queria "tc". Tecê? Onde já se viu? Vê se eu tenho cara de aranha ou de costureira.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
As salas de bate-papo já estão quase mudando para quartos de bate-papo. Aliás, em alguns casos de garotos adolescentes, estão se tornando "quartos de bate-bronha".
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Falando em chats, esses dias eu fiquei estarrecido com uma notícia sobre uma tal de Carolina Vaissifiuder, ou algo assim. Dizem que ela desapareceu depois de ficar um dia inteiro numa sala de bate-papo. Me parece que ela foi encontrada com várias facadas, mas depois de ficar um dia inteiro num chat, não duvido que ela mesma tenha se matado com 42 facadas.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Os chats não poderiam ter outro nome. Ultimamente não tem nada mais chato que chat.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
A gente lê sobre essas coisas que acontecem quando são marcados encontros pela internet e descobre que a modernidade está acabando com as pessoas. Toda vez que uma menina marca encontro pela internet acontecem coisas distintas, ou ela morre assassinada, ou morre de vergonha ao ser desprezada pelo cara com quem ela ía se encontrar, ou ainda pior, mata o cara de vergonha ao deixá-lo lá plantado.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Tem gente que entra nesses sites de bate-papo e começam a inventar histórias, dizendo que são assassinos, bruxos ou torcedores do Ipatinga.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Um dia desses eu estava numa sala de bate-papo e vi um cara fazendo uma ameaça pruma menina. Ele disse, eu vou te matar de prazer, vou te fazer sofrer no meu p...
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Além do crime de ameaça, ainda pode ser acusado pelo crime de calúnia sobre as próprias capacidades sexuais.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Lembrei mais uma coisa sobre o caso da Carolina Vaissifiuder. Dizem que ela foi esfaqueada porque não teve coragem de cortar o cara na sala de bate-papo.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Talvez ela tivesse a ilusão de o cara era um baita de um "espada", e ele era mais adepto as facas.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Dizem que ela não sabia como cortar relações. Ele sim.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Alguns até citaram o fato de ela ser meio fofinha, como o motivo para esse crime ter acontecido. Quando ela descobriu que ele era um "serial killer", achou que ele ía levar um "quilo de cereal".
( ... )
É, eu sei, essa foi sem graça. Mas não precisam me deixar assim, mais sem graça que eu já sou.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Sabia que ao contrário do assassino da Carol, vocês não íam me cortar.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Algumas vezes as pessoas sabem que vão morrer, mas fingem que não é com elas.
-Ah, se ele fosse me matar mesmo, ele não ía me avisar que estava com a "faca" e o queijo na mão.
Geralmente o queijo não é usado.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Esse caso da menina assassinada me deixou com a pulga atrás da orelha. Ou seria com o mouse atrás do monitor?
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Reparando bem, posso ver que aqui na platéia, podem ter assassinos e pessoas que gostam de entrar em chats. Aliás, assassinos que gostam de entrar em chats. E tem aquele careca ali na frente que tem cara de quem entra em chat, mas não mataria ninguém. A não ser de rir.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Aliás, tenho certeza que ele poderia entrar num chat dizendo que é alto, uns 29 anos, olhos verdes, moreno... E alguma menina iria acreditar. Na hora que se encontrassem, alguém teria que morrer.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Uma vez, eu entrei num chat e pensei em brincar, resolvi por uma foto totalmente esculachada, pra que ninguém falasse comigo. Pensei em colocar uma foto de um cara careca, barrigudo, com a boca torta, nariz de batata e os dentes judiados. No fim vi que era só pôr uma foto real minha.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Na sala de bate-papo a gente pode ser quem quiser. Muitas vezes não quem a gente quiser, mas quem uma garota quiser. Se ela diz que gosta de um cara loiro com olhos azuis, 1,75 de altura, com o peito cabeludo e barriga tanquinho, a gente chega até dizer:
-Só falta você dizer que gostaria de um cara de Peixes.
-Não, prefiro um de Câncer.
-Que sorte, pois se fosse de Peixes, não seria eu. Eu sou de Câncer.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Sabia que tem casais que se conhecem, namoram e casam na internet? Depois eles tem filhos, e descobrem que seus filhos tem a cara do cara do outro bate-papo.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Mas querido, foi uma confusão natural. Você usa o nick de "MarioGostoso01" e ele usa "MarioGostosozero1".
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Não é à toa que um dia essa criança pode crescer perturbada. Se tornar um assassino serial e entrar numa sala de bate-papo. E... Eu nunca vou conseguir completar uma boa piada sobre esse assunto.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
A gente fala isso brincando, mas na verdade, o bate-papo e o sexo virtual é até muito seguro. Ninguém engravida on-line, ninguém pega doença e, a não ser quando sai do virtual, ninguém morre com várias facadas.
(háháháháháháháháháháháháháháháhá)
Obrigado, vocês foram uma platéia muito boa. A gente se encontra por aí, numa sala de bate-papo perto de você. As meninas que quiserem conversar comigo depois da apresentação, eu estarei num barzinho ali na esquina, na frente da praça da igreja.
*Baseado e fumado em fatos reais... Teoricamente.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
domingo, 13 de julho de 2008
ela largou as mãos dele e as esticou ao longo do corpo, apertando os olhos. Um silêncio longo e a faca tombou sob o peito de Carolina, enquanto ela prendia a respiração sentiu a faca escorregando e caindo em cima do plástico
abriu os olhos e deu de cara com Rodrigo, numa expressão muito calma e séria, examinando a faca
_o que foi?
_ ahn? – ele a encarou como se sua voz viesse distante, como um delírio
_ achei que você
_ é, eu ia te matar, mas percebi que... não teria graça.
_ por quê?
_ você não tem medo. Nem de mim, nem de morrer. Não chora, não pede pela sua vida. Chegou aqui sem acreditar que eu fosse um serial killer, mas quando viu a verdade não se deseperou, nem tentou fugir
_ vim até aqui porque achei você um cara legal. Mas depois de ver aquela geladeira, o que eu poderia fazer?
_ tentar lutar comigo e fugir
_ olha o seu tamanho e o meu, Rodrigo, só se eu fosse louca – Carolina se ergueu, sentando sobre o plástico – elas ficaram com medo, né
_ todas. A simples idéia de matar alguém que já esperava por isso não tem graça. Você nem se achou diferente ou especial por eu ter te contado tudo, simplesmente aceitou o inevitável. Acho que todo mundo devia ser assim invés achar que sua vida vale mais que a dos outros. No fim das contas, estar vivo é uma arbitrariedade e as pessoas só gastam seu tempo com mediocriades
_ todo mundo vai morrer, né?? - mas acho que se você me pegasse de surpresa talvez eu desesperasse. Ah sei lá, depois da decepção que tive com o Maurício nunca mais vou esperar algo bom de alguém
_ eu nunca esperei. Mas você tinha uma impressão errada de mim lá no chat, achou que eu estivesse fazendo gênero como esses canalhas de internet
_ esperava que nós saíssemos e fosse divertido, não mais que isso
_ não mesmo?
_ ah, minutos atrás eu esperava que você me matasse, mas isso não era bom, nem ruim
_ você queria morrer por causa da história com seu namorado?
_ não só por isso, mas é que tem horas que eu acho que a minha vida é cheia de complicaçõs, Rodrigo. Amar um canalha mentiroso, ter colegas invejosas no trabalho que tentam puxar meu tapete...é tão cansativo, pra quê tudo isso?
_ realmente, não faz sentido
_mas e agora, o que vamos fazer, se a minha vida é tão sem graça que você nem quer acabar com ela?
_ eu ainda não sei, Carolina. Mas uma coisa é fato. Agora que você sabe de tudo, não pode sai daqui enquanto não resolvermos
sexta-feira, 11 de julho de 2008
The dreaming tree
Não me lembro quanto tempo durou a ida do motel até meu apartamento. Você falava, parecia em êxtase. Você não acreditava, achava que era pura encenação. Não prestei atenção no que falava, suas palavras eram barulhos irreconhecíveis. Algo diferente estava acontecendo. Respondia suas perguntas vagamente, só queria chegar logo em casa.
“Quer dizer que aqui é o matadouro, não é?” Você deu uma leve risada irônica, logo após entrar. Sentia-me perdido, nunca fiquei assim antes. Você mexeu comigo, Carolina. Você era diferente das outras. Você é diferente. Sabia quem eu sou, sabe qual será o final. Mesmo assim, continuou.
Sentamos no sofá. Você me perguntava detalhes sobre as outras vitimas. Como eu as conheci, como as matei, o que senti. Percebi que você ainda não acreditava, minha Carolina. Era tudo diversão, você estava fascinada.
Por quanto tempo conversamos? Não sei, não sei. Somente sei que você foi a única com qual conversei bastante. Você, com suas frases longas. Eu, com minhas frases rápidas, lacônicas. Carolina, você era diferente das outras. Você é diferente.
Mas algo mudou, logo após você me contar sobre seu caso com alguém, que se chamava Mauricio. Você mudou, Carolina. Cada palavra era proferida com um sabor de tristeza, magoa. Uma Caroline diferente apareceu. E me fascinou. Você era diferente, Carolina.
Mas, ainda assim, você não achava que era pura encenação. Até aquele momento...
- Essa conversa me deixou com um pouco de sede. Onde tem água aqui? Vinho eu sei que não tem, você não bebe.
- Na geladeira tem água.
Você viu, Carolina... você viu a verdade lá. Na geladeira. Pedaços de outras vitimas. Você as encarou por um tempo. Uma sombra caiu sobre você, algo aconteceu. Você sabia quem eu era. Já sabia o final. Mas, mesmo assim, você continuou.
- Então é verdade.
- Sim...
- Você vai me matar mesmo?
- Sim...
- Nenhuma chance de evitar isso?
- Você sabe que não.
“É, eu sei.” Sua frase ecoou em minha mente, Carolina. Está até hoje, como uma tatuagem.
- Onde você vai me matar?
- No banheiro. Já está tudo preparado lá.
- Prefiro que seja aqui, na sala. Traga para cá, eu espero. Não vou fugir.
Enquanto eu preparava tudo, você olhava meus CDs. Você estava diferente. A sombra ainda estava em você. E, por mais contraditório que pareça, estava calma. Você queria isso. Olhou quase todos meus CDs.
- Você tem um gosto musical único. Sempre achei que psicopatas gostassem de músicas barulhentas. Mas você prefere jazz. Não só jazz, claro, mas sua coleção é grande.
Mas o cd que você escolheu não era jazz. Olhou para a capa por alguns segundos. Colocou no aparelho e foi direto para uma única música. A minha música preferida, Carolina. Você era diferente. Você é diferente.
Standing here / The old man said to me / “Long before these crowded streets / Here stood my dreaming tree...
Tudo pronto. Você se posicionou no plástico que coloquei no chão. Fiquei na sua frente, em silêncio. Seu olhar me atraia, não conseguia desviar o olhar. Algo diferente estava acontecendo. Mas você sabia o final, e continuou assim mesmo.
Não conseguia levantar a faca. Você se aproximou e a encostou em seu peito. Suas mãos estavam macias. Você parecia calma.
I would leave you now / If a had the strenght to / I would leave you up / To your own devices / Will you not talk / Can you take pity / I don’t ask much...
Seu olhar me fascinou. Você me fascinou. Carolina, você era diferente, você é diferente. Você foi até o fim. A ponta da faca em seu peito, suas mãos macias na minha. Era a hora.
Seus olhos se fecharam, e seu reflexo na faca sumiu.
“Daddy come quick / The dreaming tree has died / I can’t find my way home / There is no place to hide / The dreaming tree has died”.
“Quer dizer que aqui é o matadouro, não é?” Você deu uma leve risada irônica, logo após entrar. Sentia-me perdido, nunca fiquei assim antes. Você mexeu comigo, Carolina. Você era diferente das outras. Você é diferente. Sabia quem eu sou, sabe qual será o final. Mesmo assim, continuou.
Sentamos no sofá. Você me perguntava detalhes sobre as outras vitimas. Como eu as conheci, como as matei, o que senti. Percebi que você ainda não acreditava, minha Carolina. Era tudo diversão, você estava fascinada.
Por quanto tempo conversamos? Não sei, não sei. Somente sei que você foi a única com qual conversei bastante. Você, com suas frases longas. Eu, com minhas frases rápidas, lacônicas. Carolina, você era diferente das outras. Você é diferente.
Mas algo mudou, logo após você me contar sobre seu caso com alguém, que se chamava Mauricio. Você mudou, Carolina. Cada palavra era proferida com um sabor de tristeza, magoa. Uma Caroline diferente apareceu. E me fascinou. Você era diferente, Carolina.
Mas, ainda assim, você não achava que era pura encenação. Até aquele momento...
- Essa conversa me deixou com um pouco de sede. Onde tem água aqui? Vinho eu sei que não tem, você não bebe.
- Na geladeira tem água.
Você viu, Carolina... você viu a verdade lá. Na geladeira. Pedaços de outras vitimas. Você as encarou por um tempo. Uma sombra caiu sobre você, algo aconteceu. Você sabia quem eu era. Já sabia o final. Mas, mesmo assim, você continuou.
- Então é verdade.
- Sim...
- Você vai me matar mesmo?
- Sim...
- Nenhuma chance de evitar isso?
- Você sabe que não.
“É, eu sei.” Sua frase ecoou em minha mente, Carolina. Está até hoje, como uma tatuagem.
- Onde você vai me matar?
- No banheiro. Já está tudo preparado lá.
- Prefiro que seja aqui, na sala. Traga para cá, eu espero. Não vou fugir.
Enquanto eu preparava tudo, você olhava meus CDs. Você estava diferente. A sombra ainda estava em você. E, por mais contraditório que pareça, estava calma. Você queria isso. Olhou quase todos meus CDs.
- Você tem um gosto musical único. Sempre achei que psicopatas gostassem de músicas barulhentas. Mas você prefere jazz. Não só jazz, claro, mas sua coleção é grande.
Mas o cd que você escolheu não era jazz. Olhou para a capa por alguns segundos. Colocou no aparelho e foi direto para uma única música. A minha música preferida, Carolina. Você era diferente. Você é diferente.
Standing here / The old man said to me / “Long before these crowded streets / Here stood my dreaming tree...
Tudo pronto. Você se posicionou no plástico que coloquei no chão. Fiquei na sua frente, em silêncio. Seu olhar me atraia, não conseguia desviar o olhar. Algo diferente estava acontecendo. Mas você sabia o final, e continuou assim mesmo.
Não conseguia levantar a faca. Você se aproximou e a encostou em seu peito. Suas mãos estavam macias. Você parecia calma.
I would leave you now / If a had the strenght to / I would leave you up / To your own devices / Will you not talk / Can you take pity / I don’t ask much...
Seu olhar me fascinou. Você me fascinou. Carolina, você era diferente, você é diferente. Você foi até o fim. A ponta da faca em seu peito, suas mãos macias na minha. Era a hora.
Seus olhos se fecharam, e seu reflexo na faca sumiu.
“Daddy come quick / The dreaming tree has died / I can’t find my way home / There is no place to hide / The dreaming tree has died”.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Bilhete de Geladeira
“Temos um serial killer em nossas mãos”, afirma o detetive Cerqueira, responsável pelo caso Villenflusser, em entrevista exclusiva à Gazeta da Meia-Noite, ontem, em São Paulo. Recado na secretária eletrônica de amiga aponta psicopata como principal suspeito. Carolina Villenflusser, jovem relações públicas de 24 anos, desapareceu misteriosamente há 1 mês.
De acordo com Cerqueira, a amiga em questão se manteve em sigilo até agora por medo de ser a próxima vítima do suposto serial killer, mas não agüentou a pressão e a saudade da amiga, que ela acredita ainda estar viva. “O sigilo de nossa fonte será mantida, mas o conteúdo da mensagem poder ser divulgado”, disse Cerqueira, da 69ª Delegacia de Homicídios. O trecho segue:
“Oi (...). Você não vai acreditar, mas conheci um cara na internet. Veio com a cantada mais estranha do mundo, disse que era assassino em série e já matou oito pessoas em casa. (risos). E o pior, falou que comeu todas elas! Cada uma, né? Bom, vou jantar com ele hoje. Quem sabe ele não é um gato e me (...) também, né? Te ligo se precisar de resgate, tá bom? (...) Fiquei excitada com essa brincadeira de ser assassino. (risos)”, revelou Carolina Villenflusser, cuja voz pode ser ouvida pela primeira vez pelos jornalistas que cobrem o caso.
Fontes não-oficiais apóiam a teoria de que a suposta amiga se encontrou com Carolina na noite do assassinato e que resolveu colaborar para não ser incriminada no futuro. O detetive Cerqueira nega qualquer informação, mas não descarta outros suspeitos. “Embora possamos realmente ter um matador habitual envolvido, nada garante que isso seja verdade, portanto, as demais investigações continuam. Tudo em sigilo.”
Confrontado com dados sobre os outros oito assassinatos recentes em São Paulo, Cerqueira foi discreto. “Até o momento, temos um crime cometido e um corpo esfaqueado encontrado. Até mais evidências serem apresentadas, encaro a situação como sete desaparecimentos, oito se adicionarmos Carolina, e uma morte. Tudo pode, ou não, estar relacionado, mas não há provas que comprovem essa teoria”.
Por conta dessa informação, a juíza Helena Schinauzer, da 24ª vara criminal, acatou pedido da família Villenflusser para o aumento da segurança no serviço de chat que Carolina freqüentava. Os detalhes do pedido e os servidores envolvidos serão mantidos sob sigilo.
De acordo com Cerqueira, a amiga em questão se manteve em sigilo até agora por medo de ser a próxima vítima do suposto serial killer, mas não agüentou a pressão e a saudade da amiga, que ela acredita ainda estar viva. “O sigilo de nossa fonte será mantida, mas o conteúdo da mensagem poder ser divulgado”, disse Cerqueira, da 69ª Delegacia de Homicídios. O trecho segue:
“Oi (...). Você não vai acreditar, mas conheci um cara na internet. Veio com a cantada mais estranha do mundo, disse que era assassino em série e já matou oito pessoas em casa. (risos). E o pior, falou que comeu todas elas! Cada uma, né? Bom, vou jantar com ele hoje. Quem sabe ele não é um gato e me (...) também, né? Te ligo se precisar de resgate, tá bom? (...) Fiquei excitada com essa brincadeira de ser assassino. (risos)”, revelou Carolina Villenflusser, cuja voz pode ser ouvida pela primeira vez pelos jornalistas que cobrem o caso.
Fontes não-oficiais apóiam a teoria de que a suposta amiga se encontrou com Carolina na noite do assassinato e que resolveu colaborar para não ser incriminada no futuro. O detetive Cerqueira nega qualquer informação, mas não descarta outros suspeitos. “Embora possamos realmente ter um matador habitual envolvido, nada garante que isso seja verdade, portanto, as demais investigações continuam. Tudo em sigilo.”
Confrontado com dados sobre os outros oito assassinatos recentes em São Paulo, Cerqueira foi discreto. “Até o momento, temos um crime cometido e um corpo esfaqueado encontrado. Até mais evidências serem apresentadas, encaro a situação como sete desaparecimentos, oito se adicionarmos Carolina, e uma morte. Tudo pode, ou não, estar relacionado, mas não há provas que comprovem essa teoria”.
Por conta dessa informação, a juíza Helena Schinauzer, da 24ª vara criminal, acatou pedido da família Villenflusser para o aumento da segurança no serviço de chat que Carolina freqüentava. Os detalhes do pedido e os servidores envolvidos serão mantidos sob sigilo.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
For Your Eyes Only
*O relato a seguir é parte do dossiê do caso Villenflusser, atualmente arquivado no departamento de casos não-resolvidos da Scotland Yard, que ainda assombra as autoridades paulistanas, e resgatado dos servidores de um dos antigos serviços de blog brasileiros, encontrado no endereço [censurado para divulgação pública].blogspot.com*
Hoje tive mais um daqueles sonhos. Fiquei preocupada e, sinceramente, não sei o que fazer. Liguei para a Aninha para encontrar apoio, mas nem ela agüenta mais minha tristeza por causa do Maurício. O que será que eu fiz de errado para Deus? Jogar pedra na cruz é pouco, acho que eu roubei o corpo e fui vender os trapos no E-bay da Judéia!
(Não, você fez por merecer e ninguém mais quer te ouvir reclamar da vida. Suas decisões, seu destino. Aprenda a viver com isso.)
Esses pesadelos estão me incomodando, sabe. Não contei para ninguém e nem sei por que estou escrevendo no blog. Ninguém vai ler mesmo. Não sei nem por que me dou ao trabalho de ter um blog. Ai quanta bobagem. Mas continuo triste. Como o Maurício fez isso comigo? Mulher grávida? O que ele esperava? Que eu entendesse tudo? Canalha! E ainda vem querer me dizer que pode explicar e que quer ficar comigo! Filhodaputa! Ele ... [censurado para divulgação pública] ... e me paga!
(Aposto que se ele te colocasse na parede agora você não pensaria duas vezes antes de abrir as pernas e tentar sugar até a alma dele, não é?)
Mas eu ainda estou apaixonada. E abandonada. Por burrice própria. É, burrice! Quem mandou sair com uma pessoa da internet? Só tem maluco ali.
A quem estou querendo enganar? Adorei a adrenalina e ele é tão bom de cama. Nunca ninguém me tocou daquele jeito. Tão sincero e tão excitante. Aquela boca, então! Aí que perdição. Só seria mais perfeito se parasse de fumar, mas isso é o de menos.
(No final das contas você teve o que queria, mas falta algo mais, não?)
A primeira noite foi fantástica. Pensei que nunca fosse terminar. Juro que poderia gozar por mais algumas horas se ele não precisasse ir trabalhar. Eu estava de folga, mas ele tinha “algo para fazer”. Aposto que era ir passear com a esposa e ir comprar roupinhas para o bebê. Safado!
Nunca tinha ido àquele motel, embora tenha passado inúmeras noites na pracinha ali em frente. Gosto de sentar lá e ler um pouco. Aliás, se a internet funcionasse lá, acho que ficaria o dia inteiro curtindo a brisa e olhando para o motel. Lembrando do Maurício. E de tudo que o Maurício consegue me fazer sentir. Se eu ... [censurado para divulgação pública] ... ele aprenderia a nunca fazer isso com alguém.
(Sexo inesgotável não é tudo e você não está sendo honesta com você mesma. Vai se esconder até quando? Você quer matar o Maurício se puder, não quer? Ele te fez sofrer!)
Ele até merecia uma boa lição. Talvez ser jogado numa prisão daquelas das séries de TV e ser currado por um negão chamado Troçalhão. Ele ia ver o que é bom para a tosse! Morrer é pouco para ele. Ele não pode fazer isso comigo e nunca me contar que era casado. E com um filho! Cretino! Posso contar tudo para ela e acabar com a vida dele!
Queria tanto poder ter dito tudo o que sinto na cara dele. Mas não consegui, preferi fugir. E aí começaram os pesadelos. Primeiro sonhei com o tal do dente. Minha tia gazeteira sempre ficava interpretando sonho. Contei num aniversário da família e ela logo começou a fazer que era “morte”, que era ruim sonhar com isso, que eu devia me benzer. Não levei a sério e ri da cara dela. Doida, o dia que os sonhos guiarem minha vida, pode me internar.
(Mas você acreditou, não acreditou?)
Fiquei com medo quando sonhei que o dente matava alguém. Na mordida. Uma boca cheia deles. Dentes horríveis, mas metódicos. Cada um parecia morder individualmente, como as teclas de um piano sendo delicadamente tocadas para proferirem seus golpes. A vítima eu não conhecia.
Mas ela não gritava. Seria uma mulher? Apenas deixava acontecer. Parece que gostava. 32 pequenas armas cravejando o corpo. Não sei em quais partes. Era tudo muito nebuloso. Eu podia ouvir o som de cada um deles rompendo a carne, deslizando pelo sangue, mas continuando brancos e brilhantes, mesmo em meio a todo aquele vermelho vivo. Não conseguia para de prestar a atenção.
Mas, de repente, a cena mudou e eu me vi na praça. Olhando para o motel. Maurício não estava lá.
(Devia estar fodendo outra vadia que conheceu no chat. Ele te trocou! E a mulher dele nem sabe! Você quer matá-lo, não quer? Você pode ... [censurado para divulgação pública]... com ele)
Eu lia meu livro favorito. “Cidade do Sol”. Alguma coisa sobre escolher o destino parecia saltar das páginas. Como se uma gigantesca lupa chamasse atenção para aquele momento. Olhei para o motel novamente. Aninha saia de lá correndo. E chorando. E eu acordei.
Isso me desesperou um pouco. Se dente era “morte”, dente matando alguém devia ser mais morte ainda. Se eu lesse André Vianco, tudo bem, mas nunca fui de gostar dessa coisa de vampiro. Claro, se o Brad Pitt quisesse me morder eu não reclamaria. Hihi.
(Você quer mais. Seus sonhos te provocam. Mate o Maurício ou esqueça. Há mais gente por aí. Quem sabe alguém mais excitante? Um vampiro, talvez!)
Vampiro. Ha há há. Conta outra. Eu e minhas bobagens. Mas não posso negar. Fiquei assustada, mas curiosa com esse sonho. E pensar no Brad Pitt me deixou um pouco excitada. Imaginar ele me mordendo. Nossa! Ele pertinho já seria tudo de bom, agora imagina me tocando! Dá arrepio só de pensar. Ainda mais se ele resolvesse aparecer todo dia, para me transformar aos poucos. Acho que vou assistir “Entrevista com o Vampiro” de novo. Mas depois.
Acho que vou entrar no chat um pouco. E esse negócio de ficar falando comigo mesma está esquisito demais. Melhor descontrair um pouco, dar uma volta, sei lá.
[Conectar]
PREVDENT, O MELHOR PLANO DENTAL PARA VOCÊ E SUA FAMÍLIA!
(Você realmente acha que isso é só um sonho?)
Aí credo!
[Desconectar em 10 segundos...]
Pensando bem....
[Cancelar]
(Boa menina! Agora você... [censurado para divulgação pública]... com ele).
*Fim do documento liberado para divulgação pública. Arquivo completo disponível para especialistas criminais e estudantes de direito. Para futura referência. Não publicar na internet.*
Hoje tive mais um daqueles sonhos. Fiquei preocupada e, sinceramente, não sei o que fazer. Liguei para a Aninha para encontrar apoio, mas nem ela agüenta mais minha tristeza por causa do Maurício. O que será que eu fiz de errado para Deus? Jogar pedra na cruz é pouco, acho que eu roubei o corpo e fui vender os trapos no E-bay da Judéia!
(Não, você fez por merecer e ninguém mais quer te ouvir reclamar da vida. Suas decisões, seu destino. Aprenda a viver com isso.)
Esses pesadelos estão me incomodando, sabe. Não contei para ninguém e nem sei por que estou escrevendo no blog. Ninguém vai ler mesmo. Não sei nem por que me dou ao trabalho de ter um blog. Ai quanta bobagem. Mas continuo triste. Como o Maurício fez isso comigo? Mulher grávida? O que ele esperava? Que eu entendesse tudo? Canalha! E ainda vem querer me dizer que pode explicar e que quer ficar comigo! Filhodaputa! Ele ...
(Aposto que se ele te colocasse na parede agora você não pensaria duas vezes antes de abrir as pernas e tentar sugar até a alma dele, não é?)
Mas eu ainda estou apaixonada. E abandonada. Por burrice própria. É, burrice! Quem mandou sair com uma pessoa da internet? Só tem maluco ali.
A quem estou querendo enganar? Adorei a adrenalina e ele é tão bom de cama. Nunca ninguém me tocou daquele jeito. Tão sincero e tão excitante. Aquela boca, então! Aí que perdição. Só seria mais perfeito se parasse de fumar, mas isso é o de menos.
(No final das contas você teve o que queria, mas falta algo mais, não?)
A primeira noite foi fantástica. Pensei que nunca fosse terminar. Juro que poderia gozar por mais algumas horas se ele não precisasse ir trabalhar. Eu estava de folga, mas ele tinha “algo para fazer”. Aposto que era ir passear com a esposa e ir comprar roupinhas para o bebê. Safado!
Nunca tinha ido àquele motel, embora tenha passado inúmeras noites na pracinha ali em frente. Gosto de sentar lá e ler um pouco. Aliás, se a internet funcionasse lá, acho que ficaria o dia inteiro curtindo a brisa e olhando para o motel. Lembrando do Maurício. E de tudo que o Maurício consegue me fazer sentir. Se eu ...
(Sexo inesgotável não é tudo e você não está sendo honesta com você mesma. Vai se esconder até quando? Você quer matar o Maurício se puder, não quer? Ele te fez sofrer!)
Ele até merecia uma boa lição. Talvez ser jogado numa prisão daquelas das séries de TV e ser currado por um negão chamado Troçalhão. Ele ia ver o que é bom para a tosse! Morrer é pouco para ele. Ele não pode fazer isso comigo e nunca me contar que era casado. E com um filho! Cretino! Posso contar tudo para ela e acabar com a vida dele!
Queria tanto poder ter dito tudo o que sinto na cara dele. Mas não consegui, preferi fugir. E aí começaram os pesadelos. Primeiro sonhei com o tal do dente. Minha tia gazeteira sempre ficava interpretando sonho. Contei num aniversário da família e ela logo começou a fazer que era “morte”, que era ruim sonhar com isso, que eu devia me benzer. Não levei a sério e ri da cara dela. Doida, o dia que os sonhos guiarem minha vida, pode me internar.
(Mas você acreditou, não acreditou?)
Fiquei com medo quando sonhei que o dente matava alguém. Na mordida. Uma boca cheia deles. Dentes horríveis, mas metódicos. Cada um parecia morder individualmente, como as teclas de um piano sendo delicadamente tocadas para proferirem seus golpes. A vítima eu não conhecia.
Mas ela não gritava. Seria uma mulher? Apenas deixava acontecer. Parece que gostava. 32 pequenas armas cravejando o corpo. Não sei em quais partes. Era tudo muito nebuloso. Eu podia ouvir o som de cada um deles rompendo a carne, deslizando pelo sangue, mas continuando brancos e brilhantes, mesmo em meio a todo aquele vermelho vivo. Não conseguia para de prestar a atenção.
Mas, de repente, a cena mudou e eu me vi na praça. Olhando para o motel. Maurício não estava lá.
(Devia estar fodendo outra vadia que conheceu no chat. Ele te trocou! E a mulher dele nem sabe! Você quer matá-lo, não quer? Você pode ...
Eu lia meu livro favorito. “Cidade do Sol”. Alguma coisa sobre escolher o destino parecia saltar das páginas. Como se uma gigantesca lupa chamasse atenção para aquele momento. Olhei para o motel novamente. Aninha saia de lá correndo. E chorando. E eu acordei.
Isso me desesperou um pouco. Se dente era “morte”, dente matando alguém devia ser mais morte ainda. Se eu lesse André Vianco, tudo bem, mas nunca fui de gostar dessa coisa de vampiro. Claro, se o Brad Pitt quisesse me morder eu não reclamaria. Hihi.
(Você quer mais. Seus sonhos te provocam. Mate o Maurício ou esqueça. Há mais gente por aí. Quem sabe alguém mais excitante? Um vampiro, talvez!)
Vampiro. Ha há há. Conta outra. Eu e minhas bobagens. Mas não posso negar. Fiquei assustada, mas curiosa com esse sonho. E pensar no Brad Pitt me deixou um pouco excitada. Imaginar ele me mordendo. Nossa! Ele pertinho já seria tudo de bom, agora imagina me tocando! Dá arrepio só de pensar. Ainda mais se ele resolvesse aparecer todo dia, para me transformar aos poucos. Acho que vou assistir “Entrevista com o Vampiro” de novo. Mas depois.
Acho que vou entrar no chat um pouco. E esse negócio de ficar falando comigo mesma está esquisito demais. Melhor descontrair um pouco, dar uma volta, sei lá.
[Conectar]
(Você realmente acha que isso é só um sonho?)
Aí credo!
[Desconectar em 10 segundos...]
Pensando bem....
[Cancelar]
*Fim do documento liberado para divulgação pública. Arquivo completo disponível para especialistas criminais e estudantes de direito. Para futura referência. Não publicar na internet.*
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